Ontem estive no agradável café, que fica situado na última sala da Livraria Bertrand. Esperava por um amigo do Recife – o Edson – que tardou um pouco a chegar. Estes tempos de espera libertam a nossa mente, e começamos logo a pensar.
E me veio à lembrança uma frase muito comum: a população aprende a votar com o tempo.
Ledo engano. O tempo não ensina nada a quem não pode ou não quer aprender. O tempo só ensina se, durante a sua vigência, melhoramos a nossa educação e conhecimento, e culturas cívica e política. Isto quando falamos do aprender a votar.
Novamente a frase voltou, como se o aprendizado fosse uma consequência cabalística…
Aprende como, pensei eu, se não eleva o seu padrão cultural? Por tentativa e erro? E esse processo de aprendizado leva quanto tempo? E os erros cometidos, quem vai pagá-los?
No Brasil, praticamos a “democracia” há muito, e mesmo assim elegemos lulla e dillma. Um analfabeto corrupto, e uma despirocada sem preparo para presidir, interinamente, uma reunião de condomínio. Elegemos também Renan Calheiros, Romero Jucá, o prefeito corrupto da nossa cidade do interior, cuja família rouba há décadas. Elegemos este Congresso Nacional Brasileiro. Me parece que tentativa e erro não é um método aceitável, se quem erra continua ignorante e, portanto, incapaz de aprender com os seus erros.
Quanto tempo a grande maioria do povo brasileiro – ignorante nas contas, no falar, no ler e na consciência política – vai levar para aprender a votar? O País vai aguentar? Creio que não.
Essa minha reflexão – olhando para Fernando Pessoa, que não me encarava, implicitamente ralhando comigo – talvez com vergonha pelo que andamos a fazer com o nosso Brasil, me fez lembrar aquela conhecida história do criador de gado que regozijava-se e dizia que ia ficar rico, pois não dava comida e água aos seus bois. E, quando eles estavam já se acostumando, começaram a morrer.
O tempo não ensina. Ele pode dizimar uma nação
RL
Aldeia do Penedo, 21jun17
Foto da parede de fundo do café, by RL

Texto perfeito Renato. Eu perdi completamente as esperanças,já desisti do nosso povo porque o Brasil afinal somos nós e sabe como é depender do povo, estamos lixados. Se hoje temos uma corja a nos governar no Executivo, Legislativo e Judiciário (com algumas pequeninas excessões), a culpa é toda nossa que não nos preocupamos com nada a não ser viver a vida…Nós teimamos em achar que Deus é brasileiro e que vai indefinidamente perdoar-nos os nossos pecadilhos e continuar a bancar a farra que vivemos até hoje, afinal existem as formigas para que? Os brasileiros são as cigarras para alegrar o mundo com seu carnaval e seu futebol, o resto que se lixe. Vamos nos vestir de “arco iris” e mostrar pro mundo que todas as cores do mundo moram no Brasil. E a corrupção e a roubalheia? Ah, como se diz em Portugal, amanhã logo se vê…
Upanishad, quiz dizer.