O Brasil – e a sociedade brasileira de uma forma geral – exibem sinais interessantes no que se refere às ligações com o exterior. Interessantes e preocupantes, pois têm uma visão atrasada com relação ao resto do mundo nos seus mais variáveis formatos. Hão de dizer que este quadro vem melhorando com o passar do tempo mas, ao meu ver, numa velocidade que não recupera o tempo perdido, inferior à do resto do mundo, ou seja, deixa a nossa sociedade cada vez mais para atrás.
Nas empresas, temos uma participação medíocre no comércio internacional, se comparada à dimensão da nossa economia. Nossas empresas têm pouca tradição no desenvolvimento de parceiras internacionais e de atuação direta em outros países. Pouca agressividade na importação e exportação de produtos e serviços. Vamos a poucas Feiras, Congressos e Workshops, e não sabemos bem como participar. Nossos centros de pesquisa e universidades ainda engatinham no que se refere à pesquisa cooperada entre países diversos. A nossa geração de patentes demontra o vazio da nossa atividade de pesquisa e desenvolvimento.
As empresas brasileiras vivem no ambiente protegido e isto é o principal fator da baixa produtividade delas. É claro que temos problemas de impostos, de ineficiência do governo e com as nossas infraestruturas. Mas não competir, causa atrofia empresarial.
Quando falamos das pessoas – e apesar de alguma melhora – continuamos a ser uma nação não fluente em dois idiomas vitais, o inglês e o espanhol. O primeiro, a língua dos negócios internacionais; o segundo idioma, a língua falada em todos os outros paises que formam a América Central e do Sul. É surreal..
Nossos cidadãos continuam viajando pouco e com objetivos não culturais e empresariais. Poucos fazem circuitos culturais de aprendizado, visitam Câmaras de Comércio para buscar conhecimentos e formar redes empresariais. A viagem é de férias, em grupos inseparáveis de brasileiros, muito centrada em compras, e sem interação com o público local. É dificil captar as culturas locais, visitando munumentos históricos, passeando nas ruas vendo vitrines, nas lojas e vendo paisagens. É impossível conhecer os EUA, indo à Disney ou às compras em New York e Miami. A cultura francesa, olhando a Torre Eiffel, e a Inglesa, vendo o Big Bem.
Os brasileiros investem pouco no exterior.
Ou nos abrimos ou continuaremos 3º mundo. Os que podem viajar, estudar fora ou viver um tempo, e fazer contactos com os locais, são uma fonte inigualável de irrigação de novos padrões e ideias, nesta economia global e digital em permanente transformação. É claro que a crise e a alta do dólar vão atrapalhar um pouco. Mas deixemos de lado os gastos em restaurantes caros e compras que vai sobrar algum para aprender e apreender.
Nestes próximos 10 anos é fundamental arejarmos e reiventarmos o Brasil.
RL
Cascais, 24jan15
