Há algum que venho percebendo, em inúmeras conversas com pessoas que, a maioria delas não escuta com atenção o que o outro diz.
E o que é escutar com atenção? É procurar entender cada palavra no seu contexto; é ler os movimentos corporais da pessoa, dos olhos, mãos e sua postura; é se colocar no lugar do outro e tentar ver o objeto da conversa pelos olhos, experiência de vida e mentes dela. Há uma frase que gosto, que li não sei onde, que “temos que calçar os chinelos do outro e andar um pouco para compreender o que ele quer nos dizer”. Devemos escutar por inteiro, tentar entender, perguntar se houver dúvidas, e só então expormos o nosso ponto de vista. Vejam que não mencionei concordar.
A maioria das pessoas não escuta e apenas se prepara para o contra ataque quando a outra pessoa parar de falar. Constrói sua estratégia, como se tivesse num campo de guerra e que tivesse que ganhar sempre a discussão. E isto, para mim, mas se parece com litigância em tribunal. Estas pessoas não percebem que, se não tiver razão, o outro está dando a oportunidade de consertarem os seus erros. Perde-se a discussão, mas ganha-se na vida prática e na sabedoria.
Qual não foi a minha surpresa, quando percebi em mim, em algumas conversas, esta forma alienada de se comportar. E como percebi: prestando atenção, sucessivamente, na minha forma de estar em conversas mais polêmicas. Nos observarmos, é uma forma de crescimento. E no meu caso, não deu outra.
Confesso que a pratica diária de meditação – tendo como objeto o firme propósito de manter a mente focada no aqui e agora – deu mais clareza e visão à minha mente que logo percebeu os deslizes. E tem me ajudado – as recaídas têm diminuído – a mudar esta forma de estar numa conversa.
Façam o teste. Observem como vocês se comportam numa troca de ideias. E tirem as vossas conclusões.
Posso dar um palpite? A grande maioria vai se enquadrar entre aqueles que não sabem escutar.
Penedo, 31dez16

Adorei o texto, Renato. Sensibilidade e lucidez. Reflexões que levam, invariavelmente, ao crescimento psicológico e afetivo dos dois lados. Ouvir, saber escutar as pessoas, ver o outro com o mínimo desejável de sensibilidade e de interesse no seu problema ou nas suas posições ideológicas, se colocar no lugar dele, é “manter a mente focada no aqui e no agora”.
Naquele momento, o aqui e o agora, é que é o mais relevante. Primordial. Esta é a chave que vai acionar o mecanismo para se saber escutar e ter o importante olho no olho…Acho que a empatia também é primordial e relevante. Sempre.
Como resultado, a troca. O aprendizado. O crescimento. Os afetos. Sempre.
Parabéns pelas reflexões. Excelentes.
Mensagem que fica: vou prestar mais atenção nas minhas conversas. Escutar mais e falar menos. Sabedoria.
Beijos
Temos que estar vigilantes
RL